Eu digo NÃO!

Em defesa da língua portuguesa, o autor deste blogue não adopta o "acordo ortográfico" de 1990 por este ser inconsistente, incongruente e inconstitucional, para além de, comprovadamente, ser causa de crescente iliteracia em publicações oficiais e privadas, na imprensa e na população em geral.


09/07/2014

Histórias do barro V


Natural de Galegos (S. Martinho), Maria de Jesus Fernandes Coelho, popularmente conhecida por Maria “Sineta”, nasceu a 6 de Abril de 1915.
Seus pais, Manuel Lopes Fernandes, jornaleiro, e Júlia Duarte Coelho, costureira, faziam figurado aos serões. Foi com eles que aprendeu os encantos da arte.
O apelido “Sineta” surgiu porque o seu pai, durante muitos anos, foi o tocador do sino da Igreja da freguesia de Galegos (S. Martinho).
Com um imaginário fantástico sempre presente na sua vida, fez as primeiras peças por volta dos sete anos. 
Perante as dificuldades da vida, aos doze anos, saiu de casa para servir em moradias senhoriais. Mais tarde, voltou para casa de sua mãe que adoeceu, e ela, a mais velha de três irmãs, teve que cuidar da família, como era tradição da época. 
Casou com quase 20 anos, a 13 de Fevereiro de 1935, com António Faria da Rocha, oleiro e filho de Domingos “Côto” e continuou a fazer “bonecos”. 
Do seu inumerável figurado, destacaram-se peças alentadas nos mistérios deste país, como por exemplo as “Repúblicas” – “mulheres ou bustos femininos cujo vestuário era inspirado nas cores da bandeira nacional”. Também fez outras figuras, especialmente retratos da vida quotidiana do seu tempo. 
Durante anos apregoou a sua louça pelas ruas do Porto onde chegou a fazer grandes caminhadas, sempre muito carregada. 
As histórias que contou aos “seus” sobre as suas andanças ainda perduram na memória de todos. 
Maria “Sineta” era uma mulher muito divertida e de uma alegria contagiante. Sempre muito conversadora e festeira, gostava de dar nas vistas com as suas roupas coloridas. Lenços e saias de cores fortes eram parte do vestuário que não dispensava. 
Diz quem a conheceu, que a sua louça reflectia a sua forma de ser bastante pândega e pitoresca. 
Foi a 10 de Março de 1996, aos 81 anos, que desapareceu esta referência do artesanato local e com ela um estilo singular de interpretar a vida e a arte popular.
(In C. M. Barcelos)





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