Eu digo NÃO!

Em defesa da língua portuguesa, o autor deste blogue não adopta o "acordo ortográfico" de 1990 por este ser inconsistente, incongruente e inconstitucional, para além de, comprovadamente, ser causa de crescente iliteracia em publicações oficiais e privadas, na imprensa e na população em geral.


12/03/2009

Santa Maria F.C.

Peça jornalística de Rui Miguel Graça no Correio do Minho de 21/02/2009:

“Fundado em 1943, o Santa Maria tem um passado rico, recheado de conquistas e momentos que vão ficar escritos para sempre na história de um dos mais emblemáticos clubes da Associação de Futebol de Braga.As duas subidas à II divisão nacional enchem o peito às gentes de Galegos, tal como o título da extinta I divisão da Associação de Futebol de Braga, obtido na época 1984/85. Aliás, essa foi uma temporada dourada, com a equipa barcelense a juntar o sol com a lua, ou seja, o campeonato à Taça Associação. Neste folhear de história a mais recente subida ao trono aconteceu em 2001/02, com o Estádio 1º Maio a servir de palco para o segundo triunfo da Taça Associação. Uma vitória sobre o Grupo Desportivo de Prado, selada com dois golos sem resposta, um deles de Bruno Torres, antigo artilheiro e actual director-desportivo do clube. Neste confronto entre passado e presente, o Santa Maria abre as asas ao futuro. É uma busca intensa às origens, numa simbiose que se quer perfeita. Direcção, equipa técnica e grande parte do jovem plantel têm forte ligação ao clube, à freguesia. A fórmula perfeita não existe, mas há uma linha criada, um fio condutor, que levou João Pontes a deixar a direcção da mesa da Assembleia-Geral e regressar à cadeira da presidência. Um retorno para não deixar cair o clube e fazer renascer o grande Santa Maria.A reestruturação do clube é ponto de honra no gabinete directivo. A subida de divisão está sempre no horizonte de um clube que sabe respeitar, sabe receber e que pretende manter o nível em toda a linha. Perante o cenário, de fino recorte, e com sentimento à mistura, o técnico João Salgueiro sente que em Galegos Santa Maria, todos os dias são especiais. Sobre o futuro do clube há ainda muito por contar, há pedaços a acrescentar, num emblema com sessenta e seis anos de muita história, mas que pretende escrever o futuro com mais brilho do que o passado, com mais cor e mais títulos. Ingredientes talhados, criados e trabalhados na freguesia, com sentimento e qualidade de braços dados. Com o passado em mente e o presente como rampa de lançamento. É assim o Santa Maria num regresso às origens com marca genética, pronúncia e com a via aberta para as gerações futuras. É legítimo e não é difícil fantasiar com futuros próximos e distantes, cheios de invenções fantásticas e utopias deslumbrantes. Difícil é construir... e em Galegos basta olhar para o relógio, observar e sorrir para a máquina. Herói de outros tempos, peça valiosa na actual estrutura, Bruno Torres está intimamente ligado a conquistas do Santa Maria. Sobre o actual filme dá “os parabéns” aos actuais actores e destaca “a importância da combinação entre experiência e juventude”. Sente que só há um caminho a seguir e esse passa “pela aposta clara na formação”, ou seja “dar continuidade aquilo que se tem vindo a fazer”. Contudo, para isso há pressupostos a atingir, há marcas necessárias e condições a criar. “Nos momentos de crise é que se consegue criar os grandes projectos”Dá para assustar? O cenário actual em torno da crise económica mundial torna o futebol distrital num glaciar ingovernável, numa fornalha em brasa. Há números abrasadores e o exemplo do Pico de Regalados é para levar à letra. Imersos nessa realidade, o Santa Maria traçou um plano rigoroso, numa linha cravada que é para servir de doutrina. Em campo é para abrir fogo, nos gabinetes é para gerir com inteligência e de forma profissional.João Pontes deixou a mesa da Assembleia-Geral para a colectividade “não perder o que de bom conquistou nestes últimos anos, para aguentar por um lado e por outro tentar que o Santa Maria possa ser desportivamente mais forte. Confessa que não teve alternativa, já que “existia o risco de o clube cair” e que tem em mente “desenvolver uma fórmula mais adequada, com um enquadramento alicerçado nas camadas jovens”. João Pontes sente-se orgulhoso por o Santa Maria possuir nas suas fileiras o sangue novo, massa jovem e provavelmente “o plante mais jovem da Divisão de Honra”. “Em campo já estiveram onzes com uma média de idades na casa dos 21 anos e isso é incomparavelmente importante até para enquadrar os jovens da freguesia numa dinâmica de futebol e de desporto”.Nesse prisma, João Pontes reserva parte do seu discurso para o lado educacional, organizado e comportamental. “O Santa Maria não é só Santa Maria a jogar futebol dentro de campo, que é um grande clube. É também na assistência, é na forma de jogar, é no trato que tem com todas as pessoas, é nas exigências nas camadas jovens, onde procuramos que haja respeito e princípios, onde os atletas devem procurar primeiro vencer nos estudos e depois, se possível vencer também no futebol. É aquilo que podemos dar da nossa experiência da vida desportiva. O Santa Maria procura dignificar o futebol”. “Iniciamos a época sempre com o objectivo de um crescimento muito grande e ver o que pode para amanhã aproveitar em relação aquilo que hoje construímos. Já conseguimos dizer que neste momento a aposta está ganha, mesmo na mudança técnica. Estamos mais Santa Maria, o grupo está mais fortalecido e esta equipa técnica tem uma visão realista do clube e do que o rodeia. Pena é que a situação económica do país e das famílias não é a melhor, mas com muito esforço, muita vontade vamos crescer. Costumo dizer que nos tempos de crise é que se criam os grandes projectos. Se puder ser útil ao Santa Maria em termos de linhas mestras vou fazê-lo com toda a dedicação. O Santa Maria tem um passado muito risonho, muito glorioso, mas queremos que o futuro seja imenso. Temos sido um clube que não é problemático. Mesmo nos maus momentos sabemos receber. Já não se usa não saber receber e o Santa Maria já sentiu isso. Fazemos um grande esforço e, temos prazer, em criar bases e dotar o clube de uma imagem positiva e alegre”, destacou João Pontes. A simbiose perfeita... Olhar para a equipa juvenil do Santa Maria é deleitar-se com uma máquina que carbura à velocidade das naves espaciais, impenetrável e devoradora. Há magia, sedução, evocação, ouro, itens reconfortantes de um presente que talha o futuro. Em Galegos a hierarquia técnica tem uma combinação única, assente na estratégia futurista da equipa. Nuno Sousa assume o comando dessa máquina triturante, que em quinze jogos (já são 18 nesta data) só soube vencer e assume também uma pasta no corpo técnico liderado por João Salgueiro. É analista/observador de adversários, de jovens jogadores e estando em permanente contacto com o líder técnico. A estatística, os relatórios técnicos chegam em força ao gabinete de João Salgueiro. São doses imersas no estudo de um jovem técnico que se confessa apaixonado “pelo conhecimento”.Aqui não há receio de caminhar pelas ruas da amargura, há sim um fervilhar de novas emoções e de novos sentimentos, de uma busca em torno do novo e em prol de um sentimento. “É imperioso continuar a trabalhar a mística do clube, para que os jogadores sintam o que é o Santa Maria e se orgulhem do emblema que têm no peito”, dispara de forma clara e segura.A equipa juvenil tem sido trabalhada “desde o arranque” para subir ao trono na Associação de Futebol de Braga, “não só ao serviço dos juvenis, mas também em outros escalões”. Aliás esse é o objectivo mais forte que existe, já que o futuro vai ser escrito por eles. Humilde e “agradecido a João Salgueiro” pela oportunidade oferecida, Nuno Sousa traça a escala das obrigações e preocupações e coloca o tom em várias áreas: “A preocupação aponta para o trabalho técnico/táctico de um jogador, de forma a que quando enfrentarem uma nova realidade conseguirem adaptar-se a ela, criar jogadores onde os valores morais possam estar de braços dados com o trabalho desportivo e pensar no indivíduo como parte de um todo, de uma sociedade”. “É assim nos juvenis, é assim em todos os escalões. É com esse pensamento que todos os treinadores trabalham nas camadas jovens, para que a informação que chegue ao topo da linha seja a mais precisa e valiosa possível”. É naturalmente uma busca intensa da simbiose perfeita...”

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