Eu digo NÃO!

Em defesa da língua portuguesa, o autor deste blogue não adopta o "acordo ortográfico" de 1990 por este ser inconsistente, incongruente e inconstitucional, para além de, comprovadamente, ser causa de crescente iliteracia em publicações oficiais e privadas, na imprensa e na população em geral.


27/01/2009

Passal.

Penso que todos devem saber isto, o passal é da paróquia, não tem nada que enganar. Aliás, o padre Araújo nem se deveria ter dado ao trabalho de publicar o artigo acima no boletim paroquial a explicar que "o terreno é pertença dos cristãos que o são de verdade e sabem defender os bens da igreja".
Estes, e outros, terrenos foram doados à igreja para que pudessem sustentar o pároco na sua missão de apoio espiritual junto das diversas paroquias que se formaram nos tempos dos suevos e visigodos, e amplamente beneficiados após a reconquista da península aos árabes e a formação de Portugal, perpetuando este poderia até ao início do século XX, mais precisamente à instauração da república em 1910.
Nessa altura, o governo revolucionário confiscou a maior parte, senão a totalidade, dos bens do clero e ordens religiosas, os maiores e poderosos proprietários de imóveis e terrenos em Portugal.
É nesta fase que se assiste a uma "passagem" dos bens da igreja para cristãos "sérios", camuflando a posse desses bens, poupando-os à "nacionalização" pelo Estado e assim permitir a manutenção desses bens debaixo de olho.
Com o passar dos tempos, o ímpeto revolucionário acalmou, o Estado assina uma concordata com a Santa Sé, e aí quase tudo, daquilo que foi "entregue" aos cristãos "sérios", volta às mãos da igreja, daí algumas pessoas "pensarem" que "o passal não é da igreja, é de fulano,... de sicrano... e beltrano"!
Contudo, isso não deve ser razão para que, teimosa e arrogantemente, o passal não seja visto como propriedade da paróquia, de todos os cristãos, dos baptizados e daqueles que vivem na freguesia, lá porque foi registado em nome da diocese ou do Arcebispo de Braga. Não, nós temos todo o direito de poder usufruir dele e dele fazer o que bem entendemos, e se a vontade da população é aí construir o edifício de apoio da Associação Galo Novo, só temos que exigir junto da diocese essa disponibilidade para tal.
Não estou de acordo com o que o Pe. Araújo diz: "os verdadeiros cristãos não fazem afirmações que comprometem a comunidade que defende o que lhe pertence. Cabe ao bispo decidir, após proposta séria do pároco." Mas Pe Araújo, será que o senhor é o dono da razão, será sempre sua a última palavra, com que autoridade, a de pároco da freguesia? mas o senhor não está ao serviço da paróquia, não veio para Galegos Santa Maria para servir e apoiar as gentes desta terra, não é essa a sua missão?
"O passal não está a saque de arruaceiros e irresponsáveis, mesmo que digam serem católicos"! Fico pasmado com esta sua afirmação!
O povo só quer que lhe seja disponibilizado terreno para construir um edifício de apoio aos idosos e crianças desta terra, num local que é seu, que lhe pertence, que está abandonado, que já não o sustenta e é fundamental para limpar a profunda desilusão provocada pela decisão de não permitir a utilização do Centro Paroquial para apoio social à população depois de anos e anos de esforço e luta, acabando por ser ludribiada e defraudada nas suas expectativas.
É necessário mudar as mentalidades, mas o que transparece com o passar do tempo, é uma cada vez maior e profunda fanatização, arrogância e teimosia na defesa de ideias ultrapassadas, conservadoras e lesivas para as gentes de Galegos Santa Maria, um quero, posso e mando de um ditador que se serve do altar, e da posição, para fazer a cabeça aos seguidores fervorosos, convictos e manobráveis, fazendo destas "mansas e humildes" ovelhas a base de suporte para o seu poder.
Enquanto persistir nesta paz podre, o ambiente em Galegos Santa Maria será igual a um cemitério, nada nem ninguém se oporá à sua vontade, mas cuidado, o saco acabará por encher...

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