Eu digo NÃO!

Em defesa da língua portuguesa, o autor deste blogue não adopta o "acordo ortográfico" de 1990 por este ser inconsistente, incongruente e inconstitucional, para além de, comprovadamente, ser causa de crescente iliteracia em publicações oficiais e privadas, na imprensa e na população em geral.


11/11/2008

Dado curioso!

Em 1985 foi publicada uma separata da Barcelos Revista, onde o Dr. José Marques escreveu um artigo intitulado "A extinção do Mosteiro de Manhente".
Este artigo versava as causas e motivos que levaram ao processo de extinção do convento beneditino em São Martinho de Manhente por volta de 1400, onde constam as versões da carta do couto que D. Afonso Henriques concedeu (1128) ao abade Gomes Ramires "como gesto de gratidão pelos serviços recebidos e outros a receber, bem como pela amizade e fidelidade que este superior monástico e o seu convento lhe devotavam".
Numa versão de 1479, que os monges de Vilar de Frades apresentaram em tribunal no decurso de uma acção contra Pedro de Sousa, senhor da terra de Prado, é feita uma descrição dos limites geográficos das terras coutadas, onde aparece uma referência curiosa sobre Galegos.
Reza assim o documento:
Primeyramente começando no rio Cadavo onde se chama Pegoo do Nigro e d´hii se vay aa archa do monte do Boy honde esta huum padrom de pedra assy como vay ataa o moynho da Fradega. E dally se vay pella bouça que aparta Riall de Villarinho ataa o valo que se chama de Talho em que o qual esta outro padrom do dicto couto. E daly se vay per o vallo d`Esqueyro. E dally a Penellas honde esta huum penedo que tem huua cruz que marca o dicto couto. E daly se vay per a cassa de Joham de Trellafonte honde esta outro padrom assy como se vay aa mamoa que parte Villa d`Onega que ora se chama Gallegos do dicto couto assy como parte ha freguesia de Sam Vereximo que he no dicto couto. E da dicta mamoa vay ataa o rio de Pontelhe onde se chama o Poço Cavallar. E d´hii per o rio a fundo ataa entrar no dicto rio Cadavo. E des i per meo d`auaa do dicto rio Cadavo acima ataa honde se chama Peego Nigro honde se começou".
Como podemos verificar, o antigo nome da actual freguesia de Galegos Santa Maria era Villa d`Onega, ou pelo menos na altura em que o couto foi constituído, 1128.
Em pouco menos de século e meio, o topónimo desta terra mudou de Villa Gallegus para Villa d`Onega e de Villa d`Onega para Sancta Maria de Gallegos, já que o testamento encontrado no tombo de S. Simão da Junqueira, de 1081, fazia referência à Villa Gallegus e as inquirições de D. Afonso II e D. Afonso III, de 1220 e 1258, nos tratam pelo actual nome.
Terá esta mudança, de Villa Gallegus para Villa d`Onega, ficado a dever-se aos herdeiros de Uniscone Sosediz? Não sei, só sei que tudo isto é complicado, até porque, segundo o Dr. Francisco de Almeida, por alturas do século XI, Galegos era a paróquia nº 424 num censual de Braga.
Complicado?!

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